quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O fim

Ainda nesta semana estava pensando que nada falei aqui sobre o último conto do livro, cujo título é "O fim".
Fim de quê? Do mundo...

Seria apenas uma metáfora? Sim, pois o que pode ser mais intenso e devastador do que uma paixonite ou paixão adolescente? E a possibilidade de não concretização dessa paixão não é o fim do mundo? Ou vai dizer que seu mundo não acabou quando levou um fora daquela garota ou daquele garoto na escola?
E que dizer quando essa paixão ou amor é quase impossível? Quando existem barreiras morais ou de idade entre as duas pessoas? São agravantes que podem provocar as mais severas dores já experimentadas por um coração adolescente.

Bem, o conto relaciona um pouco essa questão da paixão juvenil que floresce rapidamente e que vê a possibilidade da perda como algo super-dimencionado, como o fim do mundo mesmo.
Mas o fim do mundo também é real no conto e as situações que ocorrem servem como pano de fundo para o desenrolar da paixão do jovem David. Os acontecimentos físicos que envolvem o planeta, as reviravoltas políticas, ambientais e sociais, brevemente pinceladas, dão ideia do caos que poderia se instalar no mundo. Portanto, o fim é realmente sobre o fim do mundo e aborda a questão de forma a induzir a reflexão.

E, se você não percebeu, ele se passa mesmo nos EUA. Por quê? Porque é lá que o mundo sempre acaba primeiro, todo mundo sabe. :)

Mauro Avila

domingo, 31 de agosto de 2014

Sobre este blog e autor


Finalidade


Quando escrevemos um romance ou contos, normalmente há muito mais envolvido do que a história apresentada. Todo personagem tem uma historia, um perfil psicológico, características próprias. Quando o autor conta uma história, conta apenas uma parte. A outra parte fica apenas em sua mente e serve como suporte para desenvolver a história. Minha intenção aqui é falar um pouco mais sobre os personagens, compartilhar um pouco desse processo criativo, desvendar alguns detalhes, complementar algumas informações e interagir com os leitores.

Sobre o autor

 Nascido em Porto Alegre em 1977, teve o início de sua formação intelectual e cultural muito cedo. A leitura foi um bom hábito adiquirido a partir do exemplo de sua mãe, ávida leitora das revistas A Sentinela e Despertai. Estas mesmas revistas além de contribuírem para a formação espiritual do escritor, também o iniciaram no aprendizado de culturas e assuntos diversos.
De suas irmãs mais velhas ele herdou alguns livros de leitura obrigatória nas escolas estaduais na época, como Memórias póstumas de Bás Cubas de Machado de Assis, o primeiro livro por ele degustado aos 10 anos de idade. A influência desse autor pode ser percebida em seus primeiros escritos.
Após esse primeiro encontro com a cultura por meio desse grande autor que tornou-se seu autor de cabeceira, vieram Érico Veríssimo, Luís Fernando Veríssimo, Álvares de Azevedo, Dionélio Machado e tantos outros. Por último teve o prazer de conhecer Dostoiéviski através de Crime e castigo.
Sua primeira obra publicada de forma independente é a coletânea de contos Te encontro em um conto. Espera em breve pubicar outros títulos ... Boa leitura.


Jalousie

O período de ditadura vivido pelo Brasil entre 1 de abril de 1964 e 15 de março de 1985 foi um período difícil. Embora a maioria da população tenha se mantido alheia aos acontecimentos políticos, seus efeitos foram sentidos por todos em maior ou menor grau. O caráter desse regime foi autoritário e nacionalista. No seu início derrubou o governo do presidente João Goulart e seu término se deu com José Sarney assumindo o cargo de presidente. (José Sarney era candidato a vice-presidente, sendo que Tancredo Neves era candidato a presidente. Os dois foram eleitos de forma indireta por um colégio eleitoral. No entanto, Tancredo Neves adoeceu e faleceu pouco antes de tomar posse do cargo).
O regime de ditadura no Brasil adotava uma diretriz nacionalista, desenvolvimentista e de oposição ao comunismo. Tal regime atingiu seu auge em 1970, ao mesmo tempo que censurava todos os meios de comunicação do país e ainda torturava e exilava os dissidentes. A partir da década de 1980 o regime começou a entrar em decadência, assim como outros regimes militares de países da América-Latina, pois passou a demonstrar incapacidade para estimular a economia, controlar a inflação e os níveis crescentes de concentração de renda e pobreza, fruto de seu projeto econômico. Tal cenário fez despontar movimentos pró-democracia.
Inspirado em outros regimes militares e ditatoriais de países latino-americanos, o regime de ditadura no Brasil procurava justificar ações militares como forma de proteger os interesses da segurança nacional em tempos de crise.



Essa breve introdução que resume um pouco da história da ditadura no Brasil, serve apenas para posicionar o conto Jalousie na corrente do tempo. Seus personagens estão ambientados em Porto Alegre, capital gaúcha, em meados de 1969.
Nesta época havia muita movimentação contraria ao regime da ditadura por parte da UNE (União Nacional dos Estudantes). Personagens que mais tarde seriam conhecidos no cenário político do Brasil também eram líderes e organizadores de manifestações populares que ficariam conhecidas por terem grande expressividade. São exemplos: Luís Travassos, líder e organizador da passeata dos 100 mil, realizada em 26 de junho de 1968 que reuniu 100 mil participantes, entre intelectuais, operários, profissionais liberais e religiosos no Rio de Janeiro. Também José Dirceu, líder estudantil entre 1965 e 1968, ano em que foi preso em Ibiúna, interior de São Paulo, durante a tentativa de realização de um congresso da UNE.
Nesse período a SNI (Serviço Nacional de Informações) trabalhava em favor do regime para coibir qualquer manifestação que fosse contrária ao regime. O SNI detinha informações acumuladas de várias agências, suas antecessoras, como a CCC (Comando de Caça aos Comunistas), por exemplo, dentre várias outras criadas anteriormente. Portanto, seu acervo de nomes era realmente enorme, de forma que podia controlar qualquer um que fosse considerado subversivo e que estivesse em evidência. Podia grampear telefones, tinha acesso irrestrito sobre qualquer tipo de informação.
A peça escrita por Chico Buarque em fins de 1967 foi um sucesso, mas virou símbolo da resistência contra o regime militar. Assim, em 1967 um grupo de 110 pessoas do CCC invadiu o teatro Galpão em São Paulo, espancando artistas e quebrando cenários. Na história, algo semelhante acontece em Porto Alegre durante uma peça teatral. Mesmo sendo essa uma ação fictícia, tem como base fatos reais. Serve assim para dar um vislumbre do cenário.
E é justamente em meio a este cenário, de conflitos, prisões e articulações, que nasce uma grande paixão entre Alves e Giuliana. Paixão esta que permaneceu velada, visto que Giuliana era casada também com um oficial, mas que veio a tona quando Alves percebe que ela é maltratada física e psicologicamente por seu marido. Isso desperta em Alves o ódio por Bastien e o ciúme (jalousie) por Giuliana, então ele percebe que deve envolver-se em sua paixão, libertando Giuliana das mãos de Bastien.

Marcos - A clínica

Em tardes ensolaradas de sábado seu pai costumava leva-lo para passear em algum lugar da cidade. Marcos guardava bem vivo em sua memória esses passeios. Suas lembranças mais recentes eram de quando ele tinha entre sete e oito anos. Como quase todo garoto dessa idade, Marcos via seu pai como um herói.
E realmente seu pai não decepcionava, pois estava sempre presente. Mesmo sendo um empresário bem sucedido e com vários compromissos ele sempre encontrou tempo para seu filho. Foi ele quem o levou para escola pela primeira vez. Ele que ia nas reuniões de pais e professores. Os dois jogavam bola juntos, andavam de bicicleta, brincavam de esconde-esconde e jogavam bolita. Seu pai era seu melhor amigo.
Em um desses passeios, eles foram no parque Redenção. Marcos adorava ir até lá. Poderia ficar horas correndo por lá, olhando os pequenos macacos fazendo suas macaquices. Era um lindo dia aquele. O sol era ameno, típico de primavera. Muitas pessoas passeando distraídas, casais de namorados aqui e ali. Idosos aproveitando o sol, contando histórias de uma Porto Alegre mais jovem.
Enquanto Marcos corria em volta de um pequeno lago, seu pai foi até o pipoqueiro. Comprou dois sacos de pipoca e o chamou. Os dois sentaram em um banco próximo à jaula dos macacos quase em frente ao pequeno lago. Marcos falou alguma coisa sobre andar nos pedalinhos, mas seu pai estava distraído. Logo ele disse:

  • Filho. Preciso que prometa uma coisa muito importante pra mim.
  • O quê pai?
  • Seja bom com sua mãe. Eu sei que ela é meio dura as vezes, mas ela te ama. Nem sempre eu vou estar por perto Marcos.
  • Pai, tu vai viajar outra vez?
  • Hoje não filho.

Marcos levantou do banco e ficou jogando pipocas para os macacos. Ele não entendeu por que seu pai lhe disse aquilo, mas ficou meditando por alguns instantes com suas ideias infantis sobre o assunto. Enquanto isso, seu pai tentava encontrar um jeito fácil de falar algo grave e pesado a uma criança de oito anos. Passado alguns minutos seu pai levantou e ficou ao seu lado. Em seguida uma mulher jovem e muito elegante chegou por perto e ficou espantada com os pequenos animais. Ela não parecia ser da cidade. Trocou algumas palavras com o pai de Marcos, que respondeu distraidamente, enquanto o menino continuava jogando suas pipocas para os macacos. De repente ele virou e perguntou ao pai:
  • Pai, como se faz sexo?
A mulher ouviu a pergunta e, visivelmente corada, levou a mão a boca num gesto de surpresa e espanto. Deu a volta e saiu apressada. Marcos olhou para seu pai que ria muito. Ele se abaixou e abraçou Marcos.


Sua mãe tinha um pouco de ciúmes da relação dos dois, mas não ousava manifestar nada a respeito pois tinha consciência da distância que existia entre ela e seu filho e, principalmente, sabia que era sua culpa. Sua carreira estava no auge quando engravidou, isso não permitiu grande aproximação. Quando ela teve Marcos, estava a um passo de se tornar diretora executiva de uma multinacional. Mal usufruiu de três meses de sua licença maternidade, pois montou um home-office no seu quarto e comandava o que podia de casa. Quem passava mais tempo com Marcos era a babá.
Esse distanciamento na relação mãe e filho, que aumentou com o tempo, cobraria um preço alto no futuro. Marcos passou a não ouvir sua mãe, não a respeitar. Ele não a distratava, com palavras ou ações. Ele simplesmente não a via como tendo autoridade sobre ele. Surras não teriam adiantado, castigos não adiantaram. Ele se sentia rejeitado e se via sempre em segundo plano. Na adolescência essa situação apenas piorou. O relacionamento com sua mãe era totalmente diferente da que teve com seu pai, até este falecer, quando Marcos tinha apenas doze anos. Não era falta de amor o problema de sua mãe. Era imaturidade materna talvez. Certo mesmo é que Roberta não tinha planos de ter um filho tão cedo. Embora a rejeição inicial tivesse passado, ela se negou a interromper seus planos pessoais para cuidar do filho pois pensava que mais tarde tudo ia melhorar e que ele a entenderia. Infelizmente ela estava errada.
O tempo passou e a carreira de Roberta ficou estável e bem mais tranquila. Ela tinha mais tempo e duas férias por ano. Ela sofreu bastante a morte do marido, sobretudo em relação a criação de Marcos. Nos primeiros meses ele pareceu baixar um pouco a guarda, esboçou apegar-se mais a sua mãe. Mas logo essa situação mudou e novamente ele voltou ao seu mundo.
Passava as manhãs na escola e a tarde ele sumia. Ia andar de skate com sua tribo, cinema com a namorada, shopping, voava. Como todo adolescente tinha sonhos, medos, anseios. Mas isso ele só compartilhava com sua namorada. Sua mãe precisava adivinhar, pois quando se encontravam ele apenas respondia o que lhe era perguntado com monossílabos. Quando ouvia, pois os fones estavam sempre na orelha. Isso acabava cansando Roberta, o que geralmente acabava em discussão. Quando isso acontecia, ia cada um para o seu quarto. Ela se sentindo inútil, apesar de toda sua carreira bem sucedida como executiva e empresária e ele sentindo-se incompreendido, como todo adolescente, e desejando que seu pai estivesse ali. No fundo ele jamais aceitou a morte de seu pai. E quem aceita?!
Mas se o ambiente familiar não é aconchegante o suficiente para um adolescente como Marcos, tenha certeza de que a rua é. Seus amigos o compreendiam e o apoiavam, e mais, o baseado que fumavam juntos confortava a todos, não importando o tipo de problema de cada um ou mesmo se existia algum problema.
Mais tarde, a faculdade lhe trouxe ainda mais liberdade, apesar das atividade intensas. Mesmo com toda a rebeldia, parece que Marcos estava mesmo interessado no curso de Odontologia. Conquistar a independência total era seu objetivo, e para isso uma profissão era fundamental. Assim, ele passou a dividir seu tempo entre a universidade, a namorada, festas e, de vez em quando, sua mãe.
Mas infelizmente, as coisas não permaneceram num rumo sustentável. Logo as festas normais tornaram-se para ele coisa de criança. Então ele passou a procurar novas festas, novas sensações e novos amigos. O baseado já não era tão legal, os amigos de infância ficaram caretas e por um tempo, até sua namorada ficou chata. Um outro Marcos começou a aparecer, com uma voracidade imensa por algo inexplicável. Querendo uma liberdade que não existia, pois ele já não estava preso a nada. Não demorou muito para ele andar em caminhos muito perigosos, submundos obscuros. Sua mesada, boa até, já não era suficiente. Ele passou a fazer retiradas furtivas da carteira de Roberta. E como isso não bastou, certa noite ela abriu a porta para uma visita bem inesperada. Dois sujeitos, muito suspeitos vieram falar com Marcos que correu e saiu para fora da casa, fechando a porta atrás de si. Os dois falaram com ele em tom ameaçador, o empurraram. Quando Roberta abriu a porta teve tempo de ouvir apenas a frase: “Tu tem até amanhã.”
Marcos não teve como esconder tudo o que se passava. Apenas conseguiu inventar uma história que misturava a compra de um skate com uma aposta e uma grana que ele perdeu e não pagou. Diante da situação que Roberta presenciou, ela viu-se obrigada a lhe dar o dinheiro. Apesar de não ter engolido a história de Marcos, não conseguiu puxar para fora a verdade.
Por um tempo ele diminuiu o ritmo, se assustou. Ficou em casa alguns dias, matou o curso e ficou enfiado no quarto. Procurou a antiga namorada outra vez e fizeram as pazes. Mas como um ciclo difícil de ser quebrado, seus novos 'amigos' vieram lhe procurar, pois era muito popular. Além disso, já tinha meses que ele vinha nesse ritmo. Estava sentindo falta do 'prazer' dos entorpecentes. Aos poucos ele foi voltando ao ritmo que havia adquirido. Novas festas, muito loucas. Bares proibidos, clubes camuflados. Certa noite deu-se conta que já fazia mais de um mês que matava o curso. Deu de ombros se arrumou e saiu, pulando a janela do quarto. Uma festa, outra festa. Essa não, não tem pó. Essa sim, álcool, drogas, descontrole.
Nessa noite Roberta precisou atender a porta tarde da noite outra vez. Mas desta vez era a polícia que batia. Apertando as mãos ela perguntou o que era, torcendo para não ouvir a resposta que imaginava. Eles pediram para que ela fosse até o hospital onde Marcos dera entrada as três e meia, com sintomas graves de intoxicação, provavelmente causada por drogas.

Carta de Helena

 

Como seria bom acordar todos os dias sem esse medo e sem lembranças de todos os pesadelos que eu já tive e do qeu eu vivi. Não aguento mais sentir esse medo. Não qualquer medo, mas esse medo desesperador. Um medo inquietante que faz sentir alguém me levando pelo braço, me puxando contra a vontade pra me maltratar. É um medo que faz gelar a boca do estômago só de pensar.

“Mas não se preocupe querida, já passou. Você está bem agora.” Por que dizem isso? Não estou bem, nunca mais ficarei bem! Não entendem? Por acaso você se sentiria bem se não conseguisse mais confiar em ninguém, se o mínimo gesto te assustasse e nada na sua vida desse certo por causa desse medo? Por que ninguém me entende? É como se eu gritasse de dentro do meu próprio túmulo. Eu só queria poder sair de dentro da minha casa sem ficar apavorada. Mas não consigo, mesmo que alguém da minha confiança me acompanhe. Não aguento mais isso.

Eu queria poder me livrar desse tremor nas mãos e poder achar que amanhã tudo ficará bem. Não quero mais essas crises de choro, essa ânsia. Quero me livrar desses sentimentos e sensações que parecem galhos cheios de espinhos que me abraçam. Como aqueles espinhos que me deixaram essas cicatrizes.

Ontem consegui subir no terraço sozinha. Até conheci alguém. Ele é um cara bem legal, eu acho. Mas meio maluco também. Encontrei ele lá em cima dizendo que ia pular. Eu duvidei. Mas confesso que fiquei com inveja da ideia. Nós até almoçamos juntos. Ele não percebeu o tremor das minhas mãos. Ele também não entendeu quando eu olhei pro rosto dele e derrubei o prato, que cortou meu pé. Mas se ele soubesse, teria corrido pra casa pra ficar longe. Por que eu vi nele aqueles olhos azuis, aqueles malditos olhos azuis que me perseguem e que toda noite me vigiam, me amedrontam e fazem com que eu perca o sono e viva como um zumbi o resto do dia. Tenho certeza que se ele soubesse desse pânico nunca se aproximaria.

Não quero mais, não aguento. Eu não vou voltar ao normal. Já tentei de tudo e mesmo assim ainda me sinto como um carro desgovernado caindo em um precipício. Não vejo como parar. Talvez fosse melhor ... cair.

Nem sei quantas vezes já escrevi cartas como estas. Joguei todas fora depois. Por que mostraria a alguém? Por que contaria a alguém o que sinto. Me chamariam de louca, insensata. Me desprezariam. Eu me desprezo. Eu me odeio por ter ficado até tão tarde naquele dia. Foi tudo culpa minha. Mas agora não adianta mais. E esse cheiro que não sai das minhas narinas, está impregnado no meu corpo, eu sinto. Ninguém sente, mas eu sinto, continua aqui. Por mais que eu tome três banhos por dia, continua esse cheiro de sangue na minha pele, nos meus cabelos. Ainda sinto também as mãos daquelas mulheres nojentas me despindo, me tocando, rindo. Estou suja, violada. Tenho nojo. Nojo. Não suporto. Chega.

Não vou rasgar essa carta. Vou deixar ela bem aqui, em cima do sofá.

Adeus.


Helena